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Com a BIOCOM, açúcar made in Angola.

Os tempos em que Angola era praticamente autossuficiente no capítulo dos suprimentos essenciais, nomeadamente produtos da cesta básica e muitos outros imprescindíveis, serão sempre recordados como referências inspiradoras e uma fonte fundamental para se compreenderem percursos da história económica do país. 1973 não é um ano qualquer nesse quesito, por ter sido o do maior boom da florescente economia dominada pelo café, quando Angola se tinha convertido num verdadeiro oásis de progresso e modernidade, um exemplo, à época, para grande parte dos territórios em todas as latitudes da geografia.

Lidar com a informação de que voltará a ser comercializado açúcar fabricado a partir de cana plantada em solo angolano é um momento mágico, encorajador, que relança a promessa e reforça a esperança no porvir. A Companhia de Bioenergia de Angola, BIOCOM, que se movimenta na região de Malanje, transmitiu a Angola a boa nova, na pessoa do seu director geral adjunto, Luís Bagorro Júnior.

Fê-lo para assinalar a primeira safra açucareira do projecto, iniciada na passada semana, acção que permitirá a comercialização em breve (mês de Julho) de aproximadamente 50 mil toneladas de açúcar made in Angola. Começa assim um capítulo crucial na história de sucesso que é o percurso da BIOCOM, um projecto de arrojados promotores angolanos, que vai dar ao mercado açúcar e energia eléctrica produzida a partir do etanol, contribuindo assim para a redução dos volumes de compras de alimentos no exterior (menos açúcar em barcos, com o que se pouparão as tão apreciadas divisas) e contribuindo também para a diversificação das fontes de geração de electricidade (depois da energia a partir de barragens e fontes térmicas, agora o álcool).

Um projecto iniciado antes dos tempos difíceis marcados pela desaceleração da economia, a Companhia de Bioenergia de Angola é, claramente, um ponto luminoso no firmamento das mega acções que marcam o país na sua fase de recolocação dos níveis de produção nos patamares que visam reduzir as importações a níveis tais que não pressionem os recursos cambiais do modo como vem sucedendo nas últimas décadas, com tudo o que isso representa de risco e sufoco. Há que dizer que houve visão e capacidade de se antecipar aos fenómenos, como o prova por estes dias a enorme demanda de açúcar nos circuitos tradicionais de distribuição.

Olhando-se para a ajuda preciosa que a BIOCOM dará ao mercado com este produto de elevado consumo, vem-nos à memória o muito que é preciso perceber sobre a pertinência e inevitabilidade da produção nacional em larga escala, se queremos –como devemos de modo imperioso – evitar o cenário de escassez e carência, sobretudo em tratando-se de produtos que representam a sustentabilidade dos nossos hábitos alimentares.

Temos, inspirados no caso da BIOCOM, o incentivo para desenvolvermos amplas e diversificadas explorações por toda Angola e abrangendo a maior diversidade possível de produtos, para que não nos falte o arroz (referíamos há dias o caso da produção da Gesterra em Sanza Pombo), a mandioca, a batata, o milho, a ginguba, o feijão, a carne, o peixe, o sal. Não há mais como cair no sonho ilusório da importação “abaratada” pela abundância dos petrodólares porque mergulhámos, em cheio, no ciclo realista de termos de produzir aquilo que levamos à mesa. Aprendemos com a crise e …“bola pra frente”.